Thursday, March 15, 2007

A direita não é a direita por acaso.

A direita não é a direita por acaso. Assim como alguém que é de direita, não o é por grandes afinidades ideológicas. Não vejo pessoas de direita serem pela positiva. O são pela necessidade de “aproveitarem” a efemeridade da vida e/ou pela eterna busca do poder.
Geralmente, o poder fascina mais que qualquer coisa. O poder de imperar, dominar. E não se faz isso sem oprimir. Talvez seja por isso que o capitalismo é o sistema mais bem estruturado e aceito socialmente. Disso surgem duas reflexões. Que o desejo de poder, de dominação é algo socialmente construído, portanto não natural; e que talvez o capitalismo seja o sistema mais viável historicamente porque é o sistema do nosso tempo, sendo assim não podemos fazer uma análise descolada dele em comparação com outros sistemas de organização social que foram registrados historicamente. Ou talvez seja uma combinação desses dois elementos. A construção de uma necessidade de poder combinada com um sistema opressor. Elemento da publicidade em última análise. Cria-se a necessidade e sua satisfação. E depois se consome. O que cabe muito bem no capitalismo.

Isso tudo também responde ao fato de se vender constantemente a idéia da efemeridade. Do período diminuto que viveremos. Que, portanto, precisamos aproveitá-lo ao máximo. O tão aclamado carpe diem dos gregos. Não que eu veja isso como uma mentira, mas da forma como é explorado é mais uma forma de legitimação da sacanagem em que vivemos.

Buscar satisfação pessoal, prazer, honra, glória, pompas, placas, títulos, troféus, medalhas, triunfos. A qualquer preço. Sem qualquer escrúpulo. A discussão ético-moral só é lembrada quando se tenta subverter a ordem. Quando está a serviço da manutenção do status quo vale tudo. Encarceirar menores de idade. Criminalizar quem quer democracia. Rotular de esquerdalha. Caricaturizar. Enxergar a parte. Ignorar o todo. Querer respeito, transparência, honestidade dos representantes. Que comodidade. Ficar vendo TV porque votou em alguém para alguma coisa. Aliviar a consciência. Cobrar dos que são o que nos disseram que não devíamos ser.

A direita não se explica. Não é inteligível. Não é humana. Se descola o máximo que pode da realidade que perpetua. Lava as mãos sempre que pode. Cria seus quadros. Tecnocratas, intelectualóides, comunicadores. Elabora e difunde discursos. Hegemoniza. Controla. Monopoliza. Corrobora tudo isso quem quer a sua boquinha. A sua pegadinha no úbere quentinho e excludente. Dessa fonte que não tem para todos. A sede do leite do poder é infinita e egoísta. Diz que quem trabalha de sol a sol terá a sua cota. Seleciona uma ou duas exceções e trata como regra. E difunde massivamente. Pela televisão, rádio, jornal, internet, via as instituições.

E no fim, resumidamente, a direita esconde, omite, mente. Expande o maniqueísmo, colocando-se em um coitadismo que dá pena. Diz para todos que são rotulados de “maus”. Fico realmente com dó. Ironizam as críticas. Difundem massivamente que a superioridade moral da esquerda não é válida pelos paredões. Como se a esquerda necessitasse de superioridade moral. Talvez a esquerda seja culpada por não tomar o seu lugar de esquerda de fato. De simplesmente amanhã, ao acordar, não ir trabalhar. De dormir até mais tarde, e depois migrar com suas famílias de volta para o campo trabalhar na terra. Ou de saquear o supermercado. Acabar com o abuso das farmácias. Se livrar das instituições burguesas, de direita, de manutenção.

Não citei nenhum dos milhões de abusos que milhões sofrem cotidianamente. Ninguém é capaz ou tem condições de fazer isso, pois nunca chegará nem perto do que é sofrer essa merda que muita gente vive todo o dia. Sem nem saber do que padece. Tendo que buscar o que lhe orientam buscar. Sem ter meios para tal. Agora, conviva com o caos. Estabelecido logo atrás da porta de casa. Na esquina mais próxima. No assalto mais próximo. Isso lhe parece uma justificativa?
Rodolfo Mohr

Thursday, March 01, 2007

Perfil

Eu venho com a simpatia
Daqueles que não acreditam
que a noite vença o dia

Eu volto com alegria
de ver aquela gente toda reunida
dançando e cantando
"Quem não pula é governista!"

Eu vivo acreditando
que não precisamos viver nos matando
em busca de não se sabe o quê.

Agora vou embora
Seguir pra rua
Porque a luta contra o lula
Só se vence na avenida
de maneira coletiva.


Rodolfo Mohr

Wednesday, February 14, 2007

Vai passar

Um ciclo se encerrou na minha vida.
Não é fácil.
Eu rompi, rompemos.
Ela rompeu.
Definitivamente.
Logo quando quis que voltássemos a nos amar.
Já não é possível.
Dói, mas não choro.
Machuca, mas não grito.
O grito sufocado massacra.
Sigo nesse vácuo sentimental.
Rompo ciclos.
Ela vive.
Não foi nesse mês que tudo aconteceu.

(Uso esse espaço para me expôr. Mais uma vez.)

Eu sofri.
Fiz sofrer.
Não necessariamente nessa ordem.
Não necessariamente nessas palavras.
Mas ela, de todas, é a que mexe comigo.

Ela não deveria saber.
Suspeito que já sabia.
Eu demorei a entender.
Entendi.

A primeira vez nunca é fácil.
A decisão tem que ser tomada face a face com a situação.
Situação que não disse que viria, que não aprendemos a lidar em nenhuma escola, que nem as massas saberiam responder
Que o refluxo não explica.
Agora tudo faz o maldito sentido que não deveria fazer.
Sentido reto e rasteiro.
Gosto das curvas.
De virar à esquerda.
De seguir.
Até retroceder, retrocedi.

Ah, vida confusa.
Que só faz sentido não tendo sentido algum
Que me conforta quando me pisa.


Ahhhhhhhhhhhhh!
Vai passar!
Nessa avenida o samba popular...
cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vaiiiiii se arrepiar...


Rodolfo Mohr

Tuesday, December 26, 2006

Então já foi Natal...

Mais um natal se foi. Cristo nasceu de novo. Aquele velho espírito hipócrita cristão esteve entre nós. E blá blá blá. Porém, esse ano logramos alguns bons resultados. Nós, os não-cristãos. Essa raça excluída e desprezada nas últimas semanas do ano. Somos diretamente prejudicados. Não temos nada a comemorar e ainda tudo fica fechado. Não podemos ir ao cinema, ao teatro, à academia. A vida fica mais difícil essa época do ano. Mas como eu tinha mencionado tivemos alguns êxitos. Àqueles de sempre, como comer muito e muito bem. Ganhar algumas coisas. O diferencial do natal de 2006 foi a visível diminuição das luzes e manifestações natalinas. Não que eu não gostasse das luzinhas. Coitada delas. Mas como sempre disse minha mãe para quê instituir horário de verão para economizarem energia elétrica e, ao mesmo tempo, fazerem campanha para as pessoas realizarem um show de luzes e de desperdício de energia.
O consumismo desenfreado teve um freio. Parabéns a Lula e sua equipe econômica que não fizeram o país crescer economicamente, ajudarem as pessoas a gastarem menos porque tinham menos dinheiro.
Não sei se eu vejo menos TV, ou se realmente a televisão diminuiu os apelos natalinos por não considerar mais tão rentável.
Enfim, considerações. Não entrarei nas vitórias familiares que tive contra o natal para evitar confusões posteriores.
Agora é o Ano-Novo e cinco dias sem preocupação alguma. Esperei o ano inteiro por esses cinco dias.
Mariluz sempre foi meu sonho.
Feliz 2007!
Rodolfo Mohr

Saturday, December 02, 2006

Pedaços

Depois de um recesso, de uma pausa literária, retomo as(às) letras.

São fragmentos. Dispersos. Com sentido para alguns, sem sentido para tantos outros.

Enfim, tudo como o de sempre.

Não foi eu. Foi meu eu-lírico.

--------------------------------------------------------------------

Ah! Aquele frio na barriga...
Aquela coisa qualquer que nos incorre
Enquanto tudo que saiu de nós escorre
Indo pra lugar nenhum

Seriam bons filhos?
Talvez.
Seríamos bons pai e mãe?
Avô? Avó?
Que nostalgia reprimida
Sendo pro futuro remetida

Enquanto eu penso
Alguma coisa passa
Pesa
Pisa
Posso?
Oba!

Meu coração se aperta
Se auto-aperta
Encolhe mais do que devia
E dilata menos do que poderia



Rodolfo Mohr

Saturday, October 07, 2006

Terra de Gigantes

"Eles são legais e além do mais, não querem nem saber
Mas, agora, lá fora, todo mundo é uma ilha
Há milhas e milhas e milhas de qualquer lugar"



A música que mais tenho escutado. Gravação do Cidadão Quem com participação do Humberto Gessinger. A melhor das versões dessa música. O Duca tem uma voz que contrasta fenomenalmente a do Gessinger. Pelo menos aos meus ouvidos, que é o que me importa. Fica a sugestão. Terra de Gigantes.
"Por isso, mãe, só me acorda quando o sol tiver se posto
Eu não quero ver meu rosto antes do anoitecer
Pois agora, lá fora, o mundo todo é uma ilha
Há milhas e milhas e milhas..."
Rodolfo Mohr

Ahhhh...

Eu sou aquele cara que sobe a rua deserta. Que digita com os dedos flutuantes. Que luta pelos outros.
Que se fodam os críticos. Não estou aqui para agradar ninguém. Quando se vai ao banheiro não se vai por quem alguém vai gostar ou deixar de gostar. Nao venho aqui, agora, querer ser admirado. Venho deixar algumas coisas que não me fizeram ou não me fazem bem.
Decisões erradas fazem parte da vida. Hoje tomei uma. Tudo bem, duas. Talvez três. Não mais que isso. Se foram três coisas mal feitas isso significa um hat-trick. Fui infeliz essa noite. Fui mesmo.
Na semana passada, mesmo tendo que votar no domingo, meu sábado foi ótimo. Fui feliz. Dancei muito. Não importa se dancei mal. Fui feliz. Isso que importa. Hoje não.
Para apagar tudo eu trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. Luto pelos outros. Talvez esteja aí o meu caminho e a minha perdição.
Não quero magoar ninguém. Quero fazer tudo certo. Pra quê? Pra quem?
No fim das contas sempre tem alguém para te dizer que tu tá como uma cara de derrotado. Não foi diferente hoje.
Mas no capítulo das negativas há um derradeiro saldo positivo. Cheguei bem em casa e tenho o MEU computador que me escuta e me ajuda. Como um amigo ajuda um bêbado.
Se valorizo demais os possessivos? Deveria valorizar mais. Cuidar mais do que é meu. Dos pronomes às pessoas.
Estou cansado e com fome. Comerei e vou dormir.
Amanhã é um novo dia.
De um novo tempo.
(Pense na Globo, é isso que eu quero).
Eu queria tanta coisa. Ainda quero. Mas, não posso conseguir tudo.
Posso tentar tudo.
E é isso que vou fazer.
Rodolfo Mohr

Saturday, September 23, 2006

Lembrança

O teu cheiro voltou a estar presente
Como há muito não estava
Já tinha me esquecido da forma que me perdia
Entre o aroma que de ti brotava


Rodolfo Mohr